Cinemateca Catarinense, Fundação Franklin Cascaes, Pref. Municipal
de Florianópolis, Funcine e Travessa Cultural apresentam:
Cineclube Ieda Beck
Quarta, 17 de agosto de 2011, 20h – ENTRADA FRANCA
Cinemateca Catarinense – Travessa Ratclif, 56
Documentários
No último dia 7 de agosto, o audiovisual brasileiro celebrou essa arte do cinema universal, o Dia do Documentário. A data é uma iniciativa da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas, a ABDeC, que escolheu o dia para destacar a importância do gênero, fortalecê-lo na sociedade e estimular a visibilidade das produções do setor.
Em 7 de agosto nasceu Olney São Paulo, documentarista eleito pelas 27 ABDs do Brasil por importantes contribuições ao segmento. E as ABDs de cada estado organizaram eventos para o dia não passar em branco.
Nós como apreciadores deste gênero não poderíamos deixar de fora o merecido tributo. Com todo o respeito que o gênero merece, a curadoria do Ieda Beck - agora mais rica com dois novos membros, Gabriela Bressola e Tiaraju Verdi - fez uma seleção pra lá de documental. Misturando os novos talentos com os mais experientes, preparamos duas sessões com olhares daqui e do Brasil afora, para mostrar a arte de abordar a realidade com criatividade.
Nos dias 17 e 31 de agosto, ás 20h, o cineclube Ieda Beck projetará realidades, fatos e versões, levando o espectador a desvendar histórias comuns ao seu olhar. Nas sessões, a presença de realizadores, para aquele bate papo informal.
No dia 17 de agosto: Sessão Personagens. Quarta-feira.: 20h
“Banho Santo”, direção Ademir Damasco (Doc/SC/9’/2010)
Francisco Alexandrino Daniel, Seu Chico (84 anos), figura fantástica que habita o interior da Ilha, Campeche. Costuma banhar-se e colher Marcela para fazer chá na sexta-feira santa antes do nascer do sol pois acredita que assim terá proteção necessária para se livrar dos males da vida.
“O Joaquim”, direção de Marcia Paraíso (Doc /SC/ 26’/2008)
Vila do Veiga, zona rural do Distrito de Dom Maurício, Quixadá, sertão do Ceará. Encravado entre morros vive Joaquim Roseno, 68anos, seus filhos e netos. Vivendo basicamente de sua lavoura de subsistência, ele faz o que faziam seus pais, seus avós e bisavós- trabalha na roça, cria galinhas, toma Catuaba, canta um farto repertório de músicas, e é mestre/puxador de um grupo de Dança de São Gonçalo, ainda dançada como em sua origem – encomendada por fiéis como pagamento de promessas feitas ao santo.
“Fritz”, direção José Alfredo Abraão (SC/22’/2011)
Um curta que interpreta os últimos momentos da vida do naturalista teuto-brasileiro Fritz Müller. Esse personagem, um dos mais significativos da nossa história, emigrou da Alemanha em 1852 com mulher e filha, para viver na recém-criada colônia de Blumenau, às margens do rio Itajaí, na província de Santa Catarina. Música de Naná Vasconcelos.
“A História de Delinho”, direção Flavio Chiarini Pereira (Doc/15’/SC/)
Pobre e sem instrução, Delinho virou figura folclórica em Estiva, entretendo os moradores com suas piadas e fala enrolada, muitas vezes sob o efeito do álcool.
“O Velho da Bengala”, direção Rodrigo Amboni e Yannet Briggler. (Doc/2006/8’/SC)
A personalidade agressiva, solitária e contraditória, sua extraordinária casa feita a “barro e pedra” e as histórias contadas pelas pessoas da comunidade, fazem do velho da bengala uma lenda viva no sul de SC.
A seguir, Sessão Lugares.: Quarta-feira.: 31 de agosto: 20h
“De Volta para Casa” de Richard Valentini, “Temporão”, de Felipe Carrelli, “A Praça XV” de Giovana Zimermann, “Ilha das Flores” de Jorge Furtado, “Viagens a Biguaçu”, de Fabio Bruggmann.
O QUE: sessão do Cineclube Ieda Beck “Documentário”
QUANDO: quartas 17 e 31 de agosto, às 20h.
ONDE: Cinemateca Catarinense - Instituto Arco-Íris. Travessa Ratclif, 56 (esquina com João Pinto)
QUANTO: Entrada Franca
CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 12 anos
UMA REALIZAÇÃO: Cinemateca Catarinense, Pref. Municipal de Florianópolis, Funcine, Travessa Cultural, Fundação Franklin Cascaes.
CONTATOS: cineiedabeck@gmail.com / Cinemateca Catarinense (48) 3224.7239 Sofia Mafalda (48) 9125.5306
Um pouco sobre Olney de São Paulo
Vítima da ditadura militar, Olney São Paulo foi o único artista a ser preso e torturado por uma obra, o filme Manhã Cinzenta (finalizado em 1969 e baseado num conto de dois anos antes). Em 21 de junho de 1967, a equipe foi às ruas do centro do Rio gravar um protesto. Saldo: mil presos, 57 feridos e três mortos. O ator Sonélio Costa, o Índio, atualmente morando na França, foi detido no Dops por dois dias. No dia 13 de dezembro, o Ato Institucional número 5 viria para silenciar os protestos e a criatividade. Manhã Cinzenta , classificado pelo criador como “ficção científica” foi exibido apenas para os amigos. Em agosto de 69, ganhou sessão prive na Cinemateca do MAM. Para evitar cortes, Olney fez várias cópias e enviou para outras cinematecas e festivais internacionais. Há cerca de dois anos ou um pouco mais, uma delas foi encontrada numa das latas de Cosme Alves Neto e encaminhada para recuperação. Em 7 de outubro, Olney e Maria Augusta, sua esposa, repassam uma cópia para um dos diretores da Federação Carioca de Cineclubes. Na manhã do dia 8, noticia-se o seqüestro de um avião brasileiro, desviado para Cuba. Em meados do mês, Olney viaja para o Chile para negociar a distribuição de Grito da Terra e de Manhã Cinzenta , que em Viña Del Mar participa do II Festival de Cine Latino-Americano, sob o título Mañana sin Esperanzas. O nome de Olney é associado ao seqüestro do avião, pois Manhã Cinzenta foi supostamente apresentado a bordo. Pascoal e Álvaro Miranda “visitam” a casa de Olney e confiscam vários documentos e projetos. No dia 9 de novembro, o Ministério da Aeronáutica diz que um dos seqüestradores era membro da Federação de Cineclubes e liga Olney ao caso. No dia seguinte, Olney se apresenta à Justiça para prestar depoimento. No dia 13, some de casa, retornando, já doente, no dia 22 por poucas horas, em companhia de agentes da Polícia Federal. É liberado no dia 5 de dezembro e internado na Clínica Atemde, com pneumonia dupla. Chega a passar o Natal e Réveillon com a família, mas retorna à clínica em 5 de janeiro. Olney tornara-se um homem atormentado. Em 1970, ainda produzindo, retorna à Bahia com os filhos em férias. Em 18 de março, o promotor José Manes Leitão pede instauração de processo para apurar os responsáveis por Manhã Cinzenta . O filme, considerado subversivo, tem exibição proibida no Brasil. Na Europa, participa dos festivais internacionais. Em 21 de agosto retorna ao Rio para novos interrogatórios. Pela primeira vez no País, um cineasta é processado por produzir um filme. O denunciante: procurador Walter Wigderowitz, da 3ª Auditoria do Exército. Olney é ouvido em inquérito presidido pelo coronel-aviador Rubens Gonçalves Arruda. Modesto da Silveira, advogado, assume sua defesa. Em 11 de maio, em meio ao turbilhão, uma alegria para o Velho Baiano, como é ainda hoje tratado pelo filho mais velho: o nascimento da filha Maria Pilar, que mora nos Estados Unidos. Em 21 de setembro, Manhã Cinzenta é finalmente exibido ante o Conselho de Justiça. Ao final, por três votos a dois, Olney é absolvido. Em 8 de novembro, o promotor Humberto Augusto da Silva Ramos pede a condenação, agora pelo artigo 15 da Lei de Segurança Nacional. Em 13 de janeiro de 1972, o Superior Tribunal Militar absolve definitivamente o cineasta, opondo-se aos ministros Oliveira Sampaio e Syseno Sarmento. A Embrafilme assina em outubro o contrato para a produção de O Forte. No ano seguinte, Olney finaliza o documentário sobre Cachoeira. Terminam, em março, as filmagens de O Forte. Em outubro, embarca para a Alemanha, a convite do Festival de Mannheim, que premiou Manhã Cinzenta três anos antes. Visita Munique, Berlim e vai até a França. Em setembro de 1977, termina de rodar O Dia de Erê. Em outubro, em Maceió, faz palestra num evento sobre cinema e fala do sonhado documentário sobre A Revolta dos Alfaiates. No dia 27, naquela cidade, sente-se mal. Mesmo assim, procura por lá locações para João Farrapo. Muito doente, em 1978, amigos passam a visitá-lo. Entre estes, Glauber Rocha, de volta ao País. Olney é então internado no Hospital da Beneficência Portuguesa. O irmão e médico Carlos São Paulo chega ao Rio e depara-se com o diagnóstico de câncer generalizado e não apenas pulmonar. O cineasta é transferido para o Hospital São Carlos, em Humaitá. Volta a Beneficência Portuguesa e, na noite de 15 de fevereiro, morre após três paradas cardíacas, aos 41 anos. Entre os roteiros inéditos, Rosa de Carmim, Santa Brígida, A Baiana, Um Crime na Noite, A Revolta dos Pardos e Ernesto Nazaré. “A morte não é o fim da vida e, sim, antes e mais que tudo é a vida o princípio da morte”, deixa em seu caderno de 1977, num dos trechos de um conto inacabado. Para quem não conhece e ainda acha que Olney São Paulo não foi vítima do Regime Militar, este relato sinaliza em direção contrária, bem como o silêncio do próprio Olney, ainda em vida, sobre fatos ocorridos no cárcere.
Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/402942-olney-s%C3%A3o-paulo-m%C3%A1rtyr-esquecido/#ixzz1UYVCfLlU
CINEMATECA CATARINENSE / ABD-SC - (48) 3224.7239 /9623-8997/9155-9985/
Expediente: 13h30~17h30 - Travessa Ratclif, 56 -
Centro Florianópolis SC Cep 88010-470
www.cinematecacatarinense.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário