terça-feira, 23 de março de 2010

ESPÍRITO DE PORCO ABRE A TEMPORADA 2010 DO CINEMA FALADO

O projeto Cinema Falado do Museu Victor Meirelles abre a temporada de 2010 na próxima quinta-feira, dia 25 de março, às 18h30min, exibindo Espírito de Porco, um dos filmes catarinenses recentes mais esperados e mais comentados, vencedor do Prêmio Cinemateca 2005, da Fundação Catarinense de Cultura.

O documentário foi lançado no final de 2009 e desde então tem participado de mostras e festivais, com destaque para a 15ª Edição do CINE-ECO - Festival Internacional de Cinema Ambiental, em Serra da Seia, Portugal, onde ganhou o Prêmio Especial do Júri, a Primeira Mostra Internacional Pelo Direito dos Animais, em Curitiba, ocasião em que foi premiado como Melhor Filme, além do 7º FestCine Amazônia, em Porto Velho, Rondônia, o IX FICA, em Goiânia, e ainda o 11º Festival Internacional de Documentários "Santiago Álvarez in Memoriam", em Santiago, Cuba, agora no início de Março de 2010.

Esta é a quinta temporada do projeto Cinema Falado, que sempre acontece às quintas-feiras, quinzenalmente, na Sala Multiuso do Museu Victor Meirelles. Em todas as sessões, após o término da projeção, tem início um debate com a presença de um mediador, que faz a apresentação do filme e coordena as intervenções do público. Os mediadores desta sessão de Espírito de Porco serão os próprios diretores do documentário, Chico Faganello e Dauro Veras, que assinam também o roteiro.

Para defender sua espécie das difamações lançadas contra ela ao longo de séculos, um porco recém abatido volta à terra, na condição de espírito. O Espírito de Porco defende os suínos narrando a sua trajetória, desde o nascimento num estado do Sul do Brasil que tem uma das maiores concentrações de porcos do mundo, até quando a sua carne vai para a mesa. Ele discute a alimentação e a poluição; apresenta os humanos com quem convive e os problemas do seu cotidiano; defende o seu valor e busca semelhanças com as pessoas. E, na sua curta vida, revela algo que quase nunca é levado em conta: o ponto de vista do porco sobre a sua realidade. Esse ponto de vista nega, com veemência, que a sua espécie seja responsável pela poluição e pelas crises da suinocultura industrial, e deixa claro que os humanos têm uma responsabilidade maior pelas desgraças atribuídas ao porco.

Em seu blog http://espiritodeporco2009.blogspot.com/2009/10/o-doc-por-chico-faganello.html , o diretor Faganello comenta que quando lhe perguntam por quê decidiu fazer o filme, ele responde: “porque a água ficou muito suja. Porque não existem respostas para muitas coisas na criação industrial (quer dizer, respostas existem, mas cada um usa a que lhe convém). Porque ninguém pergunta se existe outro jeito de organizar a grande quantidade de dejetos. Porque a saúde é minha. Porque a consciência é minha. E o planeta e tudo o resto não pertence a grupos que vendem carne, ou a grupos que consomem carne, ou a grupos que detestam carne, ou a grupos que trabalham sem sujar, ou a grupos que trabalham sujando. Porque é um bicho popular, esse porco, quase banal.”

E complementa que “o filme pode ser alegre, e ao mesmo tempo sério, porque desmistifica, os porcos e os homens. Não deixei de comer carne de porco, nem de vaca, e nem deixarei tão cedo. Só diminuí um pouco, e bastante os embutidos, mas sobre isso todo mundo informado já pensa e vai pensar. Espírito de Porco é um documentário suinocêntrico. Em tom irônico, os porcos narram a sua existência, contam a sua história e sonham com uma vida em que tenham o direito de ser o que são. Eles vão mostrar que existem alternativas para cessar o silencioso desastre ecológico pelo qual, sem razão, levam a culpa.”

Chico Faganello é jornalista formado no Brasil com especialização em cinema na Itália e nos Estados Unidos. É professor nos cursos de cinema da UFSC e da Unisul. Dirigiu vários curtas, médias e também um longa-metragem, além de diversos programas de televisão na Itália e no Brasil. Dauro Veras é jornalista em Santa Catarina. Realizou coberturas na América Latina, Europa e Ásia. Fez roteiros para televisão e teve reportagens premiadas em turismo e economia. Em 2003 editou uma publicação ganhadora do Prêmio Esso de Jornalismo – Informação Ecológica. Atua no Observatório Social, organização que pesquisa o mundo do trabalho.

O Cinema Falado, que sempre abriu a temporada com um filme expressionista alemão, desta vez traz um filme catarinense para iniciar o ano. Nesta temporada de 2010 estão previstas mostras temáticas e ciclos de cinema ao longo do ano, além de cursos e exibições coletivas de produções independentes locais.

Outras informações sobre a temporada 2010 do Cinema Falado podem ser obtidas no site do www.museuvictormeirelles.org.br. Lá o visitante vai encontrar além da lista dos filmes já exibidos, textos sobre a criação do projeto, a programação deste ano e pode até sugerir filmes para serem exibidos. A grade do primeiro semestre já está fechada e tem como destaques os filmes O Processo, de Orson Welles, com mediação de Victor da Rosa, no dia 8 de abril; A Vida dos Outros, do diretor Florian Henckel von Donnersmarck, no dia 22 de abril, tendo Hans Jörg Hüeblin na mediação; dia 06 de maio, Latcho Drom, de Tony Gatlif, sendo mediadora Silvana Mariani; O Samurai, de Claude Chabrol, com mediação de Rosana Cacciatore, no dia 20 de maio; The Wall/Pink Floyd, do diretor Alan Parker, no dia 10 de junho, sendo mediador Josias Ricardo Hack, e no dia 24 de junho Sonata de Outono, de Ingmar Bergman, com a mediação de Clélia Melo.

O Museu Victor Meirelles fica na Rua Victor Meirelles, 59, Centro, Florianópolis, próximo à Praça XV de Novembro, ao lado do prédio da agência central dos Correios.

Cinema Falado do Museu Victor Meirelles
Espírito de Porco, documentário, 52 min, HD, 2009
Mediação dos diretores Chico Faganello e Dauro Veras
Dia 25 de março, às 18h30min
Sala Multiuso do Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 – Centro
Tel.: 48 3222-0692
Caso não queira receber mais o informativo do museu, favor responder com assunto REMOVER.

Mais informações: Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 - Centro - Florianópolis (48) 3222 0692
museu.victor.meirelles@iphan.gov.br
www.museuvictormeirelles.org.br

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